Mostrando postagens com marcador flerte. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador flerte. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Prova

Silêncio profundo. Ao redor, cabeças baixas e concentradas. À minha frente, sua mesa bagunçada. Meus olhos atentos. Lápis na boca, de propósito ou não. Dois metros e algumas circunstâncias nos separam. Sua cabeça, baixa como as demais, se ergue. Nossos olhares se cruzam. Sorrio mas você parece não entender, e me olha como se tentasse fazê-lo. Não sou clara o bastante, mas você é esperto. Ajeito o cabelo e volto os olhos ao papel, feito os demais. Tento disfarçar, sem sucesso. Contra minha vontade, meus olhos procuram os seus, que já procuravam os meus antes. Devoro-te, mas não decifra-me. Sorrimos de novo e sua cabeça se inclina para a direita como quem pergunta algo que não respondo. Você não percebe? Cruzo as pernas, sem esperança, mas sem pesar. Somos eternos porque você não me concretiza; se o fizesse, talvez nos perdêssemos. Jamais saberemos. Você volta a cuidar de seus papéis; eu, dos meus. Com o lápis que segurava na boca, escrevo seu nome na prova, depois o meu. Talvez, se eu for a última a sair da sala... Bem, nunca saberemos. É melhor ir agora. Boa noite, adeus.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Cortejo

Surgiu meio que do nada, uma conversa estranha, meio que dúbia. Ele surgiu meio do nada, não tão dúbio assim. Na verdade não queria dizer nada, estava apenas ali, até que começou com aquela conversa, aquela conversa prosaica que logo virou lábia e acabou em lugar nenhum. Na verdade, minto; acabou na Rua das Palmas, número 5. Uma passagem rápida por lá. Nada de cerimônia; só um cumprimento pra ver como as coisas andavam.