Olá muito boa noite uma ótima noite a todos.
O lindo do Kyran
me marcou na tag Perguntas ao autor e eu, que adoro um confete e adoro
autoentrevistas e adoro falar sobre mim mesmo, vim aqui responder a vinte e
cinco perguntas sobre euzinho, Natan Mello, sobre minha obra, sobre meu
~processo de criação~ e outras coisinhas mais. Se você é fã, vem que tem!
(texto bem mal revisado por motivos de: preguiça. favor ignorar eventuais erros
de digitação)
1. Seu nome ou
pseudônimo + link do site onde estão disponíveis suas obras.
Olá meu nome é Natan Caetano e eu estou em todos os setores
da internet. Meus filhos estão todos (menos um) disponíveis para leitura no
Wattpad (aqui) e meus outros
textos menores, neste blog de família.
2. Quando você
começou a escrever? O que te motivou a isso?
Se eu não estiver muito enganado, comecei a escrever aos treze/catorze.
Na oitava série, em 2007, se não me engano, eu ainda não tinha computador nem
internet, então meu passatempo era ler os livros da biblioteca da escola. Maaas
foi só nesse ano, depois de assistir Brokeback
Mountain pela primeira vez e ficar uma semana de cama, que eu decidi que
precisava escrever uma história de amor entre dois homens. E foi aí que tudo
começou.
3. Fale um pouco
sobre como eram suas primeiras obras.
Minhas primeiras obras eram a materialização das minhas
fantasias românticas adolescentes. Eu não tinha o mínimo senso artístico de literatura, então só colocava minhas
ideias no texto de maneira cronológica e coesa de forma a criar uma narrativa,
uma sucessão de acontecimentos. Meu primeiro texto oficial, uma novela, se
chamava Charlie, Richard e os outros.
O pior é que o computador em que eu escrevia essa história foi vendido e eu a
perdi pela eternidade, porque na época eu não tinha como salvá-la e estava sem
internet pra fazer qualquer tipo de backup... uma lástima. Era um romance
universitário sem pé nem cabeça, pior do que as coisas que eu vejo no Wattpad;
mas eu não me lembro muito da história, feliz ou infelizmente.
4. Você guarda seus
escritos antigos? Por quê?
Simmm! Não sei por que. No começo, eu escrevia tudo à mão
antes de passar pro computador, então devo ter uma meia dúzia de cadernos aqui
com as minhas histórias manuscritas—incluindo meus diários de bordo. Mas não
sei por que eu guardo... No início eu achava que era pra preservar meus direitos
autorais, caso alguém viesse a me plagiar, mas agora... realmente não sei.
Talvez algum tipo de apego emocional, embora eu não ligue muito pra essas
coisas.
5. Qual ou quais
obras você acredita terem sido as mais importantes nesse seu percurso como
escritor? Por quê?
Hum. Talvez North
Bound, meu primeiro romance mais bem estruturado, tenha sido um marco por
ser o pontapé inicial. As coisas que escrevi antes disso (duas novelinhas e
mais uns dois ou três livros que comecei e logo abandonei) eram muito amadoras
e sem qualquer fundamento. Depois tem Se
Eu Tivesse um Coração, que, além de livro da minha vida, é uma história que
eu comecei a escrever já na faculdade e, portanto, tendo outra visão sobre
Literatura e escrita de modo geral.
6. Qual ou quais
foram os seus momentos mais difíceis como escritor?
Tô pensando.
7. Quais benefícios a
escrita te trouxe?
Escrever é minha terapia. Por meio da escrita eu consigo
diluir muitos dos meus sentimentos; por meio dos personagens eu consigo falar
muitas coisas que eu não necessariamente me disporia a falar na vida real, por
motivos vários... Sem contar que escrever faz muito bem à minha autoestima,
porque é uma das únicas coisas—senão a única—que
me faz pensar Puts, eu sou realmente bom
nisso!
8. E a escrita já te
trouxe problemas também? Quais?
Só umas desavenças pequenas com pessoas de talento duvidoso,
mas nada demais.
9. Você já ganhou
algum prêmio ou concurso? Se sim, relate como foi.
Não costumo participar de concursos, mas já participei. Em
um fiquei no top 10 de 157 textos e em outro (que vai sair em breve, aliás!)
vou ter um conto publicado na coletânea do concurso. Fun fact: participei dos dois concursos com o mesmo texto, RISOS (este aqui,
aliás).
10. Você tenta ser um
escritor profissional, ou faz apenas por hobby? Por quê?
Não tento não. Minha profissão é professor; escritor eu sou
por amor à arte [/piegas]. Ser escritor no Brasil não é muito fácil; não tenho
a ilusão de ganhar dinheiro com isso—pelo menos não escrevendo o que eu
escrevo.
11. Você conhece o
seu público? Se sim, fale um pouco sobre o comportamento deles em relação aos
seus escritos.
Tem muita mulher
que lê minhas histórias e muitos jovens gays também (acho que mais mulheres do
que homens, na verdade). São pessoas comuns, do dia a dia, eu acho??
12. Sobre o que mais
você gosta de escrever (gêneros, tipos de tramas, de personagens, etc)?
Gosto de escrever romances. Queria conseguir escrever mais
contos, mas contos exigem uma concisão que eu ando perdendo ultimamente. Gosto
do espaço que o romance possibilita pra desenvolver os personagens. Quanto ao
tipo de trama, prefiro os dramas da vida cotidiana, que pareçam verossímeis e
gerem algum tipo de reflexão. Quanto aos personagens, sempre escrevo da
perspectiva de um homem gay, que é a minha área de conhecimento e sobre o que
eu escrevo, mesmo.
13. Sobre o que você
não consegue escrever, ou o que jamais escreveria?
Eu ADORARIA escrever sobre ficção científica ao estilo Isaac
Asimov ou alguma coisa que é tipo um tapa na cara um soco no estômago um chute
no saco, tipo Crime e Castigo, Os
Mortos, Ao Farol, mas não sei se
consigo; acho que não tenho habilidade o suficiente; precisaria evoluir MUITO
como escritor pra chegar lá e, pra que isso aconteça, eu ainda tenho que ler
MUITA coisa, e não sei quando/se vou chegar a fazer isso. Não sei se existe
algo sobre o qual eu jamais escreveria... Talvez poesia. Já andei escrevendo
uns poemas, mas não sou nem de longe poeta.
14. Qual foi a obra
mais “diferente” ou “ousada” que você já escreveu (pode ser do seu ponto de
vista, ou do ponto de vista do público)?
A que acabei de escrever recentemente, Prazer
e Remissão, é ousadíssima.
15. Qual ou quais
foram as obras que te deram mais orgulho? Por quê?
Se Eu Tivesse um
Coração me dá muito orgulho porque é uma história que saiu exatamente como
eu queria, em começo meio e fim. Prazer e
Remissão, a mais recente, também cresceu muito no meu conceito. Apesar de
ser um livro pesado, ele me dá uma sensação boa; é um carinho meio rude, um tough love.
16. E qual ou quais
foram as obras que te fizeram sentir mais decepcionado consigo mesmo? Por quê?
Acho que nenhuma. Talvez as pré-histórias, mas essas eu
perdoo porque né, 14, 15 anos de idade.
17. Você tem aquela
obra que você gosta muito, mas não recebeu a devida atenção dos seus leitores?
O que você tanto gosta nela? O que você acha que seus leitores não perceberam?
Sim e não. Me frustra um pouco que ~meu público~, em
maioria, leia mais por fruição do que pela apreciação estética da história. Às
vezes a gente passa um tempão pensando na melhor frase, no melhor jogo de palavras,
nas melhores metáforas... e tudo passa despercebido. Isso acontece mais nos meus
dois últimos romances, que foram os mais maduros.
18. E aquela obra que
você menos gosta, mas as pessoas gostam muito? O que você não gosta nela? Por
que os leitores gostam tanto?
North Bound, o
primeiro livro. Os mais jovens/românticos adoram, e eu recebi muita crítica boa
quando a publiquei, nos tempos do Orkut. Mas hoje, lembrando dela, eu só deixo
um suspiro pesado. Não aguento nem olhar pra cara do protagonista.
19. Uma pergunta
básica que deveria ter vindo no começo da lista: Quais são suas inspirações?
Como você tenta utilizá-las nos seus escritos?
Vixe... Muita coisa me inspira. Coisas do cotidiano me
inspiram; os pequenos gestos me inspiram, as relações humanas me inspiram D E M
A I S... Às vezes acontece de música me inspirar também, ou alguma coisinha que
eu vejo em um filme ou em um jogo; conversas de ônibus também rendem frutos
muito interessantes. Agora, pensando em autores que me inspiram, não são tantos
assim, porque sou um péssimo leitor.
Mas sou a-pai-xo-nado pela Virginia Woolf; acho que ela é meu Top 1. Depois vêm
Clarice Lispector, James Joyce, Scott Fitzgerald e Oscar Wilde, eu acho.
20. O quanto você
acha que mudou do começo para cá? Conte um pouco sobre aqueles erros que você
aprendeu a consertar, e se você já trouxe de volta atualmente algum acerto que
encontrou naqueles seus primeiros passos.
Acho que tudo mudou
do começo pra cá; o ser humano tá sempre mudando. Mas na minha escrita
particularmente o que eu sinto que mais mudou foi a pressa de acabar logo uma
história só pra ter o gostinho de vê-la pronta. Esse crime eu não cometo mais;
aprendi a tomar meu tempo e fazer as coisas devagar. Aprendi a dar profundidade
aos personagens rasos, a parar de descrever detalhes desnecessários só pra
engrossar o livro, a deixar de usar narrador chato, que tenta impressionar o
leitor com mesóclises e palavras difíceis; aprendi que suspensão de descrença é
fundamental, que nem sempre o melhor final é o final mais feliz... E por aí
vai.
21. O que a sua
escrita te ensinou sobre você mesmo?
Que eu sou muito romântico, no sentido de idealizar as
coisas, e que eu sou muito compassivo, leniente, compreensivo. Às vezes um
personagem precisa fazer uma coisa X e eu tento fazer com que ele faça o que eu Natan faria ou gostaria que fosse
feito, e é aí que eu vejo que eu sou bem trouxa.
22. Tem alguma idéia
que você queira escrever, mas nunca conseguiu por algum motivo? Explique.
Algo em fluxo de consciência. Não tenho a menor capacidade.
23. Você tem escrito
ultimamente? Explique. E se sim, comente sobre a obra e sobre todo o processo.
Não. Acabei Prazer e
Remissão recentemente e tô de férias de escrever!
24. Você tem amigos
escritores? Se sim, cite quais aspectos você acredita serem mais interessantes
neles, e o quão similar ou o quão diferentes eles são de você.
Sim! A Lorena e o
Kyran especialmente. Não acho nossos estilos assim tão parecidos... O Kyran tem
um jeito de escrever que eu gosto bastante; é dark, verdadeiro, às vezes cruel,
e com uma escolha de palavras e imagens (poéticas) muito bem feitas. Os temas
que ele escreve são mais densos que os meus, eu acho. Já a Lorena tem uma
escrita mais light, e fala bastante sobre adolescência, coming of age, período escolar e essas coisas. Já gostei mais desse
tema; hoje em dia não é minha xícara de chá. Mas gosto da leveza da narrativa
dela e da pureza dos personagens.
25. O que você
gostaria de poder perguntar para seus amigos escritores, ou escritores em
geral?
Por que você escreve?
*****
Menino, tenho que dizer que eu tava morrendo de vontade de ver suas respostas, por isso fiz questão de te marcar. É porque, diferente da Lorena, que eu conheço há uma caralhada de anos e acompanhei muito do processo criativo dela, eu te conheço há relativamente pouco tempo, e a gente nunca se falou muito fora desse cotidiano de redes sociais, então eu queria muito aprender mais sobre esse escritorzão. :D ♥
ResponderExcluirNossa, quando você falou que perdeu a sua primeira estória ali me deu até dor no coração. Eu também perdi as merdas que eu escrevia em cadernos, mas eu associei essa sua com uma que eu considero a primeira oficial, e o apego que eu tenho me fez sentir compaixão.
Cara, eu pensava que o público feminino era maior só nas estórias mais pro estilo yaoi. Digo, seu estilo é totalmente ocidental, LGBT+ mesmo, então eu fiquei surpreso de ver que tantas mulheres te leem assim, porque eu sempre tive a impressão de que eram mais homens. D: Será que é porque, quando eu vejo estórias com bem mais putaria são mais homens que dão as caras lendo?
E, omg, você gosta do Fitzgerald. Eu tô tentando ler um livro dele aqui, mas eu tô sofrendo com o tamanho do tédio que me causa.
E você comentando dos amiguinhos escritores, e eu aqui olhando pra um conto que eu tenho que terminar de corrigir, e pensando qual é o meu limite pra fazer coisa dark e escrota. lol Porque eu sempre sinto que posso ir mais além, mas é confuso, porque acho cada vez menos que minhas coisas são publicáveis. Então fico feliz de ter lido o seu ponto de vista a respeito. ♥ E concordamos com o estilo da Lô. Eu também não to mais nessa vibe das coisas dela, mas continua achando a escrita tão admirável, tão leve, que eu fico pensando: Gente, como ela faz isso? Você, como autor, já tem uma narrativa com um tom meio de crônica, uma coisa bem realista, porque o narrador sempre ta no clima dos acontecimentos e tudo mais. A Lô sempre parece... escrever com mãos de açúcar. XD É o que sempre digo pra ela.
E! Pra responder a pergunta aos outros autores: Escrevo pra respirar. Porque sou dramático nesse nível.
Desculpa o comentário grande mas eu só faço comentários grandes. ♥
Obrigado por responder, bonitão. :D