Nas férias de verão, meus pais sempre tinham a péssima ideia
de viajar para a fazenda da tia Leontina. Eu nunca gostei de mato e essa ideia
sempre me causava muito desgosto, mas eu não tinha escolha: era isso ou ficar
em casa uma semana à base de miojo, pipoca e leite com bolacha — as únicas
coisas que eu sei fazer.
Numa dessas idas, chegando lá, percebi que haviam contratado
um porteiro novo. Vi assim que chegamos. Tia Leontina, como sempre, nos recebeu
com a maior festa. Enchia-me de beijos e apertos na bochecha, que eu detestava.
Já estava meio grandinho pr’aquilo, mas ela parecia não perceber. Aliás, eu já
estava mais do que grandinho: eu já era maior de idade; nunca foi motivo pra
que ela perdesse esse hábito.
Na primeira noite, nunca fazíamos nada. Jantávamos alguma
coisa bem pesada, tipo uma galinhada, ou canelone, ou qualquer coisa boa que
tia Leontina fazia — ela era boa com qualquer coisa. E sempre tinha sorvete. E
sempre tomávamos banho num riacho que tinha lá perto, porque o calor era
infernal naquela roça. Aliás, acho que essa era a única parte realmente boa de
ir parar naquele lugar — não o calor: o riacho. E foi a primeira coisa que fiz
no meu segundo dia de estadia. Todos já haviam almoçado e curtíamos, agora, a
incrível falta do que fazer que nos acometia. Minha mãe e meu pai, porém,
tinham assunto que não acabava mais com tia Leontina e tio Viriato. Eu, que não
tinha nada com que contribuir para aquela conversa, resolvi sair da sala e ir
pra beira do riacho nadar um pouco, refrescar o corpo e passar a tarde torrando
debaixo daquele lindo sol da Toscana, que havia vindo da Itália e ficado: queimando
minhas costas.
Para minha surpresa, porém, quando cheguei ao riacho, havia
um garoto que eu não conhecia nadando por lá. Trocamos um olhar meio distante.
Acho que eu fiz uma careta e ele fez outra, mais discreta que a minha. Na
verdade não era uma careta, era eu franzindo minha testa por causa do sol.
Depois de alguns segundos, acabamos trocando um cumprimento.
“Meu nome é Miguel. Sou filho do Sebastião, o porteiro.”
Uma voz de trovão, ele tinha. E não era bem um garoto, devia
ter minha idade. Magro, pouco mais alto que eu, ossudo, de traços bem
marcantes. Não necessariamente bonito, mas... ahm... pegável. Pra mim, no caso. Quase não conversamos. Ele era
de poucas palavras, conversamos praticamente nada, embora tivéssemos passado um
bom tempo juntos naquelas águas calmas. Meus pais não vieram atrás de mim, nem
o pai dele atrás dele, nem ninguém atrás de nós. Ficamos lá. Só sei que, para o
meu grandíssimo espanto, quando ele saiu da água, após mais de uma, quase duas
horas, percebi que ele estava pelado. Vi o cara sair do riacho com aquela bunda
magra até a margem, onde estavam as roupas dele. Meu queixo caiu na hora. Não
que eu nunca tivesse visto uma bunda antes, mas aquilo me pegou completamente
desprevenido. E, quando ele foi se vestir, ele se virou pra mim e... bem,
estava com aquilo semi-ereto, e,
quando ele se abaixou pra vestir as calças, com aquela coisa balançando no meu
rumo, ele olhou pra mim e viu que meu olhar não saía d’o meio das pernas dele.
Então ele sorriu e terminou de colocar a bermuda meio que... sensualmente, eu
acho — não que ele fosse exatamente sensual.
A camiseta ele colocou sobre o ombro, e continuou me olhando e sorrindo. Daí
ele olhou pra trás, lá pro rumo do estábulo, e voltou a olhar pra mim, e saiu
andando. Eu, esperto que sou, logo
entendi o recado e fui atrás; jamais que eu perderia uma oportunidade daquela.
No meio dos cavalos, ainda? Olha que fantasia interessante. Nadei até a margem
do rio, mas parece que nadei tão devagar que, quando saí da água, ele já estava
quase chegando lá. E, de repente, eu também estava pelado. Então eu corri e
corri, e corri e corri e, quando cheguei ao estábulo, lá estava ele, mas ele já
estava aos beijos com um cavalo, então eu gritei, mas quando gritei, ele também
se tornou um cavalo e estava montado em uma égua, que fazia uns barulhos
horríveis e então eu corri de novo pra sair daquele lugar e fui parar no meio
da sala, onde todos me viram pelado e também gritaram
E por isso acordei. Minha cama ensopada de suor. Sentei-me e
olhei pros lados. Os insetos da noite cricrilavam por toda parte. Peguei meu
celular, sem sinal, e conferi as horas: meia-noite. Se não me engano, o Miguel do
meu sonho era o mesmo filho do novo porteiro, mas eu só havia os visto assim
que cheguei à fazenda, e o garoto nem havia me chamado tanto a atenção assim.
De qualquer forma, concluí que precisava ir ao banheiro mais próximo aliviar
minhas tensões, afinal, já fazia alguns dias que eu não... Bem, melhor ir
verificar se já estão todos dormindo mesmo; nessa casa desgramada só tem um
banheiro, não posso demorar.
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ResponderExcluiryeh right, den how is it good if its bed? gotcha
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