terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Um dia

Mais promessas vazias
Desculpas amarelas
Noites de chuva
e torres sem fim

(este poema é uma piada interna)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

sábado, 23 de novembro de 2013

As músicas da minha vida

Bom dia.

São quase seis da manhã agora e eu vim aqui escrever este post porque não consigo dormir. Aliás, este post não é inédito; lembro de tê-lo feito há alguns anos, num blog que já não existe mais, e a ideia veio de uma querida amiga com da qual a vida me afastou sem que eu soubesse mais notícias: Josy. Saudades, Josy. Volte.

O título do post resume tudo. Vou falar das músicas que entitulo "da minha vida" pelo fato de me tocarem profundamente (ó o innuendo) por motivos que tentarei explicar e porque acho que a galera não pode passar por essa vida sem ouvi-las. Para me poupar de ter que elencar em ordem de preferência, vou preservar a ordem alfabética. Vem, gente.

sábado, 9 de novembro de 2013

Copo d'água

Há um copo com água
Pra mim, meio cheio
Pra você, meio vazio
Pra quem tem sede, com água
Pra quem o bebe, anseio
Pra quem não, sadio
Mas há um líquido
Incolor e insípido
Cristalino
Vital
Genuíno
Fulcral
Mas você jogou a água fora, guardou pra si o copo e de nada adiantou eu ter escrito versos rimados pra falar do que nele havia.
Guardou o copo.
O copo.
Guardou
O copo
Desculpa.
É pouco.
O copo
Sem água
Vazio
É oco.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Vitupério

Bocas inflamadas regurgitam
meia dúzia de verdades
Olhos pérfidos transitam
em busca de possibilidades

Um riso alto ressoa
cheio de perversidade
Pobres dessas pessoas
vítimas das suas maldades

Eu não minto nem digo a verdade
Afastado, apenas observo
Mas às vezes, confesso, há vontade
de praticar esse seu vitupério.

sábado, 19 de outubro de 2013

Paixão de microondas

Leve ao microondas o seu coração
Acerte os minutos e aperte o botão
Aguarde dois dias e logo ouvirá
O suspiro que seu peito soltará

Mas cuidado: o prato sai quente
E talvez esfrie de repente

Consuma-o com talheres de paixão
Ou, ainda, com as próprias mãos
Acompanham uma dose de ansiesade,
Bolinhas de espera e uma taça de vontade

Seja paciente e coma devagar
Pro seu apetite não logo acabar

Depois lave e guarde toda aquela louça
Seque suas mãos e enxague sua boca
Deite-se só e sonhe acordado
E acorde sonhando com ele ao seu lado

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Desídia

Arranca-me os olhos
Consome-me a alma
Ata-me os braços
Obriga-me à calma

Paralisa-me o corpo
Devora-me as vísceras
Deixa-me morto
Embaralha-me as vistas

Leve-me embora
Não há quem resista
A essa delícia chamada
Preguiça.

sábado, 28 de setembro de 2013

domingo, 22 de setembro de 2013

Sonhei

Sonhei que tu voltaste.
Todos te viram, menos eu,
Que nunca soube o que o ocorreu
— não que isso importasse.

Você tinha tanto a explicar
E eu queria tanto ouvir!
Mas havia um mar entre nós
que me impedia de seguir.

Sonhei que tudo foi real.
Ninguém sabia, então sorri,
embora eu saiba que perdi,
pois era um sonho afinal.

domingo, 8 de setembro de 2013

aviɐ

Nove novenas
de nove e noventa
da Nívea e da noiva
da nova e da Helena

De novos caminhos
de nove videiras
de vidas sem beiras
de vasos novinhos

Havia uma via
sem eira nem beira
A via a via
sem vinho nem veia.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Vi-te

Vi-te partir.
E, partindo-se,
partiram-se mil partes de corações
contigo

Mas foi num relance
Meus olhos no vidro
Seus olhos no instante:
Perdido

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

You've seen

You've seen the worst there was in me
Things I myself could never see

You've seen my bleakest nights and brightest days
Also my deepest cold and hottest flame

You've seen my winter and my spring
Carried my burden and my wings

You've seen my smile and my weep
And my ashes and my seed

Yet have I never seen such things
Inside your soul not so serene
I am the biggest devotee
of that old love we'll never be.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Instead

I lost my belief
To such a degree
That if you'd come to exist
The life before you
would have to disappear

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Eclipse

I know not what lies beneath
such wasted soil,
But on the surface
the sun shines at its brightest.

terça-feira, 2 de julho de 2013

{­ ­ ­ ­ }

It starts with a spark
A small, tiny spark
A particle of pure light
that grows very bright
And it shines
and sparks its shining light
and brights even brighter

until it becomes a flame
a core of pure fire
and then passion
and desire
The flame blazes

And grows stronger!
     and bigger!
          hotter!
               brighter!
And it glimmers!
     and it glimpses!
          and it's bigger!
               and it glows!

All that might of a burning sight!
All that strength of a flaming light!
The brightest light that once could shine
shows its greatness in the skies

And then it BURSTS
into the utmost glorious night!

.....
....
...

And then it's over.

And in a heavenly sight
of a sad teary eye
All that lasts
is the emptiness of a life
A full spectrum of colors
blend into the infinity of an empty cry.

Empty words in an empty world
Empty promises to an empty soul
Empty smiles to an empty face
Ornated by empty pearls of light
Empty sighs reverberate in the space
Days go by at a slowish pace

The brightest light that once could shine
Shone its light, but had to die.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Vou comprar cigarro

"Eu te segurei forte contra mim
Você escorregou pelos meus braços
Você prometeu que voltaria para mim
E eu acreditei"

Não sei se foi mesmo. Talvez tenha ido a outro lugar, ou a lugar algum, mas o que sei decerto é que não voltou. Um “já volto” prosaico saiu de sua boca antes de sair por aquela porta e assassinar um pedaço de mim, por bem ou por mal, por querer ou não. Morreu. Ao contrário de você.

Ou será que você morreu? Não sei. Talvez tenha sido atropelado no cruzamento ali da esquina, ou então se perdeu do caminho de casa e caiu na areia movediça lá onde Judas perdeu as botas. Quando eu era criança, imaginava que, quando alguém caía na areia movediça, ia parar em outro mundo. Talvez isso tenha acontecido contigo: foi parar em outro mundo; talvez aquele mundo em que existíamos nós dois e nada mais, lembra? Aquele mundo em que éramos “felizes”, com aspas não tão literais quanto possam parecer. Acho que nosso ideal de felicidade era romântico demais.

Mas você disse que ia comprar cigarros. Sentado à mesa do café, lendo meu jornal com óculos que me pesam o cenho, fumando o mesmo cigarro que você costumava fumar quando ainda existia nesta casa que já não é mais um lar, eu espero que você volte com qualquer desculpa esfarrapada

— No bar do Zé tinha acabado, precisei ir buscar lá no outro lado do universo, por isso demorei.

e que eu sorria um sorriso de canto e procure alguma verdade em seus olhos; e que eu tente e consiga dar conta do que perdemos durante a sua viagem; e que eu não desperdice mais nenhuma manhã cinzenta de domingo escrevendo linhas tortas sobre a sua ausência.


Talvez agora eu entenda melhor as famílias das vítimas da ditadura. Talvez a mão da Morte seja mais cortês do que a da Dúvida na hora de tocar-me o ombro amigavelmente.

Rebobinar

Ver, viver e ter tudo de novo e de trás pra frente.

O porta-retratos caído, partido, estilhaçado sobre o chão. Os rostos divididos por uma fissura no papel. Até que a celulose se refaz e a fissura se desfaz. Aos poucos, os fragmentos de vidro fino se aproximam e se encontram, também apagando qualquer vestígio de imperfeição que pudesse ficar para trás. A madeira encontra suas arestas e os vértices se unem, enquadrando a figura sob o vidro translúcido. Num movimento antigravitacional, o corpo desliza pelo vento e baila em direção à lisa superfície da penteadeira.

Então observo com olhos cansados a imagem de nós dois, e assim o faço pelo simples fazer, ou talvez para me lembrar de que gosto de me lembrar de você, embora essa lembrança me faça querer me afastar. Controverso, incerto, inseguro, inexplicável e encerrado.

Acabou. O que restam são estilhaços, e tudo o que se pode fazer é rebobinar e admirar por um instante, que deve ser breve, e depois varrer os cacos para debaixo do tapete, guardar os pedaços do porta-retratos e manter a fotografia guardada onde ninguém saiba, pois ela é a parte mais importante dessa cena (que se repete e se repete), até que um dia ela se desgaste e vá para aquela caixinha velha, onde ficam todas as outras fotos de menor valor.

Mas por enquanto deixe-a na segunda gaveta, por favor.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Denial

Neither my tone
nor my tune
nor my song
nor my truth

Neither false
neither true

I am tired
but not through
Neither me
nor even you
not even you
and I'm sorry too

and it's not my time
and it's not my truth
and I've got feelings for you
but it's not my time
it's not my tune
it's neither me
nor even you

sexta-feira, 8 de março de 2013

Providência divina

Sei que um ônibus cheio não é o cenário mais romântico, mas, feliz ou infelizmente, é nele que acontece o que narro. Quatro ou seis cabeças alinhadas obstruem a vista da frente. Os bancos altos contribuem, assim como as pessoas em pé. Não vejo muito além de rostos cansados ou sonolentos ou as duas coisas, indo ou vindo de ou para casa. Não sei. Estou de olhos fechados e, nesse instante, o mundo se resume às minhas agruras, pensamentos e silêncios. Daqueles, muitos afluem e vez ou outro me vem um ou outro que me faz lembrar você; aquelas coisas todas, nossa vida, flashes, frames, momentos, frases soltas, palavras que dissemos sem querer e querendo, nada mais do que eu e você em toda a nossa infinidade. Mas depois... Depois me vem a incerteza de que você voltará a fazer parte da minha vida e de que um dia teremos outros momentos para eternizar. Então a boca se torna amarga e a tarde perde um tanto de sua formosura por um instante ou dois.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Reclusão

Não é estar sozinho. Também não é solidão. Na verdade é, mas uma de um tipo diferente. Uma solidão ensimesmada, que independe do fator estar sozinho, ainda que seja aquele sozinho cercado de pessoas. É algo íntimo, introspectivo, como um embrião, que cresce mas não é possível dar à luz, pois ele é Seu demais para se externalizar. É como ter-se como único capaz de compartilhar a própria angústia, pois a felicidade desconhece esse tipo de confinamento. A solução talvez não exista, pelo menos sem a ajuda de um terceiro. Amigos, amo a todos, mas não quero aborrecê-los com o que não lhes diz respeito. Além do mais, de preconceitos já bastam os meus e de julgamentos, os do mundo. Quero compreensão, aceitação e um afago, se possível, mas de quem, senão de meus outros eus, eu poderia esperar tal comportamento? De ninguém, eu arriscaria. Talvez esteja aí a função da poesia, que não me agrada, mas também não me maltrata. É como uma companheira neutra, que aguarda junto comigo nesta sala de espera que é como água potável: incolor, insípida e inodora. Antes fosse amarga como a vida ou doce feito os sonhos que eu um dia tive, mas não é. Continuo a esperar, eu e a poesia, por um amanhã que não sei se um dia virá. Mas por isso estamos aqui, na sala de espera, que carrega esse nome por uma razão. Quando for minha vez e meu nome soar, caminharei rumo ao meu destino com passos firmes e queixo erguido, mas, enquanto isso não acontece, de pernas cruzadas permanecemos, eu e a poesia.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Soneto #3

Vivendo um dia de cada vez
Aguardo a incerteza do amanhã
Cada dia demora um mês
Às horas lentas das minhas manhãs

Ainda paira a incerteza
Mas no fundo eu acredito
Ao meu lado, a tristeza
Me mantém bem protegido

Continuo a orar
E pedir-te a Deus comigo
Com toda a minha vontade

Continuo a te amar
E a querer ser Um contigo
Por toda a eternidade

Soneto #2

Os dias caminham para o fim
Do prazo que criamos outrora
Sem a outra metade de mim,
Receio que tenhas ido embora

Quando olho pra trás é que percebo
O caminho longo e tortuoso.
Por vezes chorei e tive medo
Por outras, amor em pleno gozo

As lembranças estão vivas.
Aproxima-te de mim
E em meu peito te recosta

És o amor da minha vida
Mesmo que isso acabe assim,
Sem que eu tenha as minhas respostas

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Soneto #1


E na clausura voluntária
Fui tolhido da minha liberdade
Nesta sala vazia ordinária
Não posso exercer a minha vontade

Os versos, confesso, me chamam
Embora eu não os declame
Aventurados aqueles que amam
E não mancham a vida com sangue

Se eu pudesse um dia ir embora
Talvez eu fosse pra longe
E ouvisse essa voz que me chama

Mas não posso fazê-lo agora
Saudades dos tempos de ontem
Do calor de quem sei que me ama

A máquina e o ancião


Tempo.

Queria ter tempo. Não que eu não tenha, ou que eu não tenha o bastante. Na verdade eu não tenho, de fato, mas é de outro tempo que eu estou falando. É um tempo nostálgico, bucólico, modesto, com um sabor diferente do tempo ocioso que muitos desejam, assim como eu. Mas não é esse, é o outro. Queria ter o tempo das pessoas que vejo partirem ou chegarem dentro de ônibus de viagem; queria ter o tempo das pessoas dentro dos aviões; queria ter o tempo do final da tarde, da volta pra casa depois do trabalho; o tempo que os casais de adolescentes que gozam da primeira paixão têm para andarem de mãos dadas pelas ruas arborizadas; queria ter o tempo da relva, da campina, da casinha no meio do campo infinito sob o céu cheio de nuvens fofas, brancas; o tempo de se sentar sob a árvore e fechar os olhos; o tempo de estar envolto pelo cobertor num dia frio e chuvoso; o tempo de comer pipoca e assistir a um filme no sofá da sala; de ir ao mercadinho da esquina caminhando, sem pressa; de pegar o violão e brincar de fazer música; de pegar o caderninho e brincar de fazer versos...