segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

River

(Poema de Agnieszka Surygala)

"Standing by the river I wonder,
do I need a stone?
No...my heart is heavy enough.
It will drag me down for sure.
Standing by the river I smile,
will I miss it all?
No...I'll be glad to leave it behind,
and never come back.
Standing by the river I close my eyes.
One jump and I'm there.
No...someone jumped after me.
He will never be my friend.
Standing by the river I'm thinking,
will I jump again?
No...behind the closed doors
I have fallen in love with the razor"

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sonho de uma meia-noite de verão

Nas férias de verão, meus pais sempre tinham a péssima ideia de viajar para a fazenda da tia Leontina. Eu nunca gostei de mato e essa ideia sempre me causava muito desgosto, mas eu não tinha escolha: era isso ou ficar em casa uma semana à base de miojo, pipoca e leite com bolacha — as únicas coisas que eu sei fazer.

Numa dessas idas, chegando lá, percebi que haviam contratado um porteiro novo. Vi assim que chegamos. Tia Leontina, como sempre, nos recebeu com a maior festa. Enchia-me de beijos e apertos na bochecha, que eu detestava. Já estava meio grandinho pr’aquilo, mas ela parecia não perceber. Aliás, eu já estava mais do que grandinho: eu já era maior de idade; nunca foi motivo pra que ela perdesse esse hábito.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Paraíso negro

Ele conhecia uma. Eu, coitado de mim, mal sabia das coisas. Quando me sentei neste banco de praça, não supus que seria abatido novamente por essas memórias. Já faz tanto tempo que, às vezes, acho que me esqueci de tudo aquilo. Mas que tolice a minha. Eu não sei que jamais me esqueceria de Matias, mesmo que eu vivesse outros sessenta e seis anos? Velho idiota!

Na época em que o conheci, Matias estava no auge. E acho que foi amor à primeira vista, se é que isso existe, se é que amor existe. Desgraçado... Oh, vida desgraçada. Por que é que eu fui sair de casa hoje? Aliás, que dia é hoje? Já faz tanto tempo. Não sei se comprei meus remédios deste mês. Que falta faz a Marcela.