terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sonho de uma meia-noite de verão

Nas férias de verão, meus pais sempre tinham a péssima ideia de viajar para a fazenda da tia Leontina. Eu nunca gostei de mato e essa ideia sempre me causava muito desgosto, mas eu não tinha escolha: era isso ou ficar em casa uma semana à base de miojo, pipoca e leite com bolacha — as únicas coisas que eu sei fazer.

Numa dessas idas, chegando lá, percebi que haviam contratado um porteiro novo. Vi assim que chegamos. Tia Leontina, como sempre, nos recebeu com a maior festa. Enchia-me de beijos e apertos na bochecha, que eu detestava. Já estava meio grandinho pr’aquilo, mas ela parecia não perceber. Aliás, eu já estava mais do que grandinho: eu já era maior de idade; nunca foi motivo pra que ela perdesse esse hábito.

Na primeira noite, nunca fazíamos nada. Jantávamos alguma coisa bem pesada, tipo uma galinhada, ou canelone, ou qualquer coisa boa que tia Leontina fazia — ela era boa com qualquer coisa. E sempre tinha sorvete. E sempre tomávamos banho num riacho que tinha lá perto, porque o calor era infernal naquela roça. Aliás, acho que essa era a única parte realmente boa de ir parar naquele lugar — não o calor: o riacho. E foi a primeira coisa que fiz no meu segundo dia de estadia. Todos já haviam almoçado e curtíamos, agora, a incrível falta do que fazer que nos acometia. Minha mãe e meu pai, porém, tinham assunto que não acabava mais com tia Leontina e tio Viriato. Eu, que não tinha nada com que contribuir para aquela conversa, resolvi sair da sala e ir pra beira do riacho nadar um pouco, refrescar o corpo e passar a tarde torrando debaixo daquele lindo sol da Toscana, que havia vindo da Itália e ficado: queimando minhas costas.

Para minha surpresa, porém, quando cheguei ao riacho, havia um garoto que eu não conhecia nadando por lá. Trocamos um olhar meio distante. Acho que eu fiz uma careta e ele fez outra, mais discreta que a minha. Na verdade não era uma careta, era eu franzindo minha testa por causa do sol. Depois de alguns segundos, acabamos trocando um cumprimento.

“Meu nome é Miguel. Sou filho do Sebastião, o porteiro.”

Uma voz de trovão, ele tinha. E não era bem um garoto, devia ter minha idade. Magro, pouco mais alto que eu, ossudo, de traços bem marcantes. Não necessariamente bonito, mas... ahm... pegável.  Pra mim, no caso. Quase não conversamos. Ele era de poucas palavras, conversamos praticamente nada, embora tivéssemos passado um bom tempo juntos naquelas águas calmas. Meus pais não vieram atrás de mim, nem o pai dele atrás dele, nem ninguém atrás de nós. Ficamos lá. Só sei que, para o meu grandíssimo espanto, quando ele saiu da água, após mais de uma, quase duas horas, percebi que ele estava pelado. Vi o cara sair do riacho com aquela bunda magra até a margem, onde estavam as roupas dele. Meu queixo caiu na hora. Não que eu nunca tivesse visto uma bunda antes, mas aquilo me pegou completamente desprevenido. E, quando ele foi se vestir, ele se virou pra mim e... bem, estava com aquilo semi-ereto, e, quando ele se abaixou pra vestir as calças, com aquela coisa balançando no meu rumo, ele olhou pra mim e viu que meu olhar não saía d’o meio das pernas dele. Então ele sorriu e terminou de colocar a bermuda meio que... sensualmente, eu acho — não que ele fosse exatamente sensual. A camiseta ele colocou sobre o ombro, e continuou me olhando e sorrindo. Daí ele olhou pra trás, lá pro rumo do estábulo, e voltou a olhar pra mim, e saiu andando.  Eu, esperto que sou, logo entendi o recado e fui atrás; jamais que eu perderia uma oportunidade daquela. No meio dos cavalos, ainda? Olha que fantasia interessante. Nadei até a margem do rio, mas parece que nadei tão devagar que, quando saí da água, ele já estava quase chegando lá. E, de repente, eu também estava pelado. Então eu corri e corri, e corri e corri e, quando cheguei ao estábulo, lá estava ele, mas ele já estava aos beijos com um cavalo, então eu gritei, mas quando gritei, ele também se tornou um cavalo e estava montado em uma égua, que fazia uns barulhos horríveis e então eu corri de novo pra sair daquele lugar e fui parar no meio da sala, onde todos me viram pelado e também gritaram

E por isso acordei. Minha cama ensopada de suor. Sentei-me e olhei pros lados. Os insetos da noite cricrilavam por toda parte. Peguei meu celular, sem sinal, e conferi as horas: meia-noite. Se não me engano, o Miguel do meu sonho era o mesmo filho do novo porteiro, mas eu só havia os visto assim que cheguei à fazenda, e o garoto nem havia me chamado tanto a atenção assim. De qualquer forma, concluí que precisava ir ao banheiro mais próximo aliviar minhas tensões, afinal, já fazia alguns dias que eu não... Bem, melhor ir verificar se já estão todos dormindo mesmo; nessa casa desgramada só tem um banheiro, não posso demorar. 

2 comentários :

  1. Your text is bad and you should feel bad.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. yeh right, den how is it good if its bed? gotcha
      http://i.imgur.com/MW5f1ul.gif

      Excluir

Seja gentil. Palavra feia não se diz.