segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Perguntas ao autor


Olá muito boa noite uma ótima noite a todos.

O lindo do Kyran me marcou na tag Perguntas ao autor e eu, que adoro um confete e adoro autoentrevistas e adoro falar sobre mim mesmo, vim aqui responder a vinte e cinco perguntas sobre euzinho, Natan Mello, sobre minha obra, sobre meu ~processo de criação~ e outras coisinhas mais. Se você é fã, vem que tem! (texto bem mal revisado por motivos de: preguiça. favor ignorar eventuais erros de digitação)


1. Seu nome ou pseudônimo + link do site onde estão disponíveis suas obras.
Olá meu nome é Natan Caetano e eu estou em todos os setores da internet. Meus filhos estão todos (menos um) disponíveis para leitura no Wattpad (aqui) e meus outros textos menores, neste blog de família.

2. Quando você começou a escrever? O que te motivou a isso?
Se eu não estiver muito enganado, comecei a escrever aos treze/catorze. Na oitava série, em 2007, se não me engano, eu ainda não tinha computador nem internet, então meu passatempo era ler os livros da biblioteca da escola. Maaas foi só nesse ano, depois de assistir Brokeback Mountain pela primeira vez e ficar uma semana de cama, que eu decidi que precisava escrever uma história de amor entre dois homens. E foi aí que tudo começou.

3. Fale um pouco sobre como eram suas primeiras obras.
Minhas primeiras obras eram a materialização das minhas fantasias românticas adolescentes. Eu não tinha o mínimo senso artístico de literatura, então só colocava minhas ideias no texto de maneira cronológica e coesa de forma a criar uma narrativa, uma sucessão de acontecimentos. Meu primeiro texto oficial, uma novela, se chamava Charlie, Richard e os outros. O pior é que o computador em que eu escrevia essa história foi vendido e eu a perdi pela eternidade, porque na época eu não tinha como salvá-la e estava sem internet pra fazer qualquer tipo de backup... uma lástima. Era um romance universitário sem pé nem cabeça, pior do que as coisas que eu vejo no Wattpad; mas eu não me lembro muito da história, feliz ou infelizmente.

4. Você guarda seus escritos antigos? Por quê?
Simmm! Não sei por que. No começo, eu escrevia tudo à mão antes de passar pro computador, então devo ter uma meia dúzia de cadernos aqui com as minhas histórias manuscritas—incluindo meus diários de bordo. Mas não sei por que eu guardo... No início eu achava que era pra preservar meus direitos autorais, caso alguém viesse a me plagiar, mas agora... realmente não sei. Talvez algum tipo de apego emocional, embora eu não ligue muito pra essas coisas.

5. Qual ou quais obras você acredita terem sido as mais importantes nesse seu percurso como escritor? Por quê?
Hum. Talvez North Bound, meu primeiro romance mais bem estruturado, tenha sido um marco por ser o pontapé inicial. As coisas que escrevi antes disso (duas novelinhas e mais uns dois ou três livros que comecei e logo abandonei) eram muito amadoras e sem qualquer fundamento. Depois tem Se Eu Tivesse um Coração, que, além de livro da minha vida, é uma história que eu comecei a escrever já na faculdade e, portanto, tendo outra visão sobre Literatura e escrita de modo geral.

6. Qual ou quais foram os seus momentos mais difíceis como escritor?
Tô pensando.

7. Quais benefícios a escrita te trouxe?
Escrever é minha terapia. Por meio da escrita eu consigo diluir muitos dos meus sentimentos; por meio dos personagens eu consigo falar muitas coisas que eu não necessariamente me disporia a falar na vida real, por motivos vários... Sem contar que escrever faz muito bem à minha autoestima, porque é uma das únicas coisas—senão a única—que me faz pensar Puts, eu sou realmente bom nisso!

8. E a escrita já te trouxe problemas também? Quais?
Só umas desavenças pequenas com pessoas de talento duvidoso, mas nada demais.

9. Você já ganhou algum prêmio ou concurso? Se sim, relate como foi.
Não costumo participar de concursos, mas já participei. Em um fiquei no top 10 de 157 textos e em outro (que vai sair em breve, aliás!) vou ter um conto publicado na coletânea do concurso. Fun fact: participei dos dois concursos com o mesmo texto, RISOS (este aqui, aliás).

10. Você tenta ser um escritor profissional, ou faz apenas por hobby? Por quê?
Não tento não. Minha profissão é professor; escritor eu sou por amor à arte [/piegas]. Ser escritor no Brasil não é muito fácil; não tenho a ilusão de ganhar dinheiro com isso—pelo menos não escrevendo o que eu escrevo.

11. Você conhece o seu público? Se sim, fale um pouco sobre o comportamento deles em relação aos seus escritos.
Tem muita mulher que lê minhas histórias e muitos jovens gays também (acho que mais mulheres do que homens, na verdade). São pessoas comuns, do dia a dia, eu acho??

12. Sobre o que mais você gosta de escrever (gêneros, tipos de tramas, de personagens, etc)?
Gosto de escrever romances. Queria conseguir escrever mais contos, mas contos exigem uma concisão que eu ando perdendo ultimamente. Gosto do espaço que o romance possibilita pra desenvolver os personagens. Quanto ao tipo de trama, prefiro os dramas da vida cotidiana, que pareçam verossímeis e gerem algum tipo de reflexão. Quanto aos personagens, sempre escrevo da perspectiva de um homem gay, que é a minha área de conhecimento e sobre o que eu escrevo, mesmo.

13. Sobre o que você não consegue escrever, ou o que jamais escreveria?
Eu ADORARIA escrever sobre ficção científica ao estilo Isaac Asimov ou alguma coisa que é tipo um tapa na cara um soco no estômago um chute no saco, tipo Crime e Castigo, Os Mortos, Ao Farol, mas não sei se consigo; acho que não tenho habilidade o suficiente; precisaria evoluir MUITO como escritor pra chegar lá e, pra que isso aconteça, eu ainda tenho que ler MUITA coisa, e não sei quando/se vou chegar a fazer isso. Não sei se existe algo sobre o qual eu jamais escreveria... Talvez poesia. Já andei escrevendo uns poemas, mas não sou nem de longe poeta.

14. Qual foi a obra mais “diferente” ou “ousada” que você já escreveu (pode ser do seu ponto de vista, ou do ponto de vista do público)?
A que acabei de escrever recentemente, Prazer e Remissão, é ousadíssima.

15. Qual ou quais foram as obras que te deram mais orgulho? Por quê?
Se Eu Tivesse um Coração me dá muito orgulho porque é uma história que saiu exatamente como eu queria, em começo meio e fim. Prazer e Remissão, a mais recente, também cresceu muito no meu conceito. Apesar de ser um livro pesado, ele me dá uma sensação boa; é um carinho meio rude, um tough love.

16. E qual ou quais foram as obras que te fizeram sentir mais decepcionado consigo mesmo? Por quê?
Acho que nenhuma. Talvez as pré-histórias, mas essas eu perdoo porque né, 14, 15 anos de idade.

17. Você tem aquela obra que você gosta muito, mas não recebeu a devida atenção dos seus leitores? O que você tanto gosta nela? O que você acha que seus leitores não perceberam?
Sim e não. Me frustra um pouco que ~meu público~, em maioria, leia mais por fruição do que pela apreciação estética da história. Às vezes a gente passa um tempão pensando na melhor frase, no melhor jogo de palavras, nas melhores metáforas... e tudo passa despercebido. Isso acontece mais nos meus dois últimos romances, que foram os mais maduros.

18. E aquela obra que você menos gosta, mas as pessoas gostam muito? O que você não gosta nela? Por que os leitores gostam tanto?
North Bound, o primeiro livro. Os mais jovens/românticos adoram, e eu recebi muita crítica boa quando a publiquei, nos tempos do Orkut. Mas hoje, lembrando dela, eu só deixo um suspiro pesado. Não aguento nem olhar pra cara do protagonista.

19. Uma pergunta básica que deveria ter vindo no começo da lista: Quais são suas inspirações? Como você tenta utilizá-las nos seus escritos?
Vixe... Muita coisa me inspira. Coisas do cotidiano me inspiram; os pequenos gestos me inspiram, as relações humanas me inspiram D E M A I S... Às vezes acontece de música me inspirar também, ou alguma coisinha que eu vejo em um filme ou em um jogo; conversas de ônibus também rendem frutos muito interessantes. Agora, pensando em autores que me inspiram, não são tantos assim, porque sou um péssimo leitor. Mas sou a-pai-xo-nado pela Virginia Woolf; acho que ela é meu Top 1. Depois vêm Clarice Lispector, James Joyce, Scott Fitzgerald e Oscar Wilde, eu acho.

20. O quanto você acha que mudou do começo para cá? Conte um pouco sobre aqueles erros que você aprendeu a consertar, e se você já trouxe de volta atualmente algum acerto que encontrou naqueles seus primeiros passos.
Acho que tudo mudou do começo pra cá; o ser humano tá sempre mudando. Mas na minha escrita particularmente o que eu sinto que mais mudou foi a pressa de acabar logo uma história só pra ter o gostinho de vê-la pronta. Esse crime eu não cometo mais; aprendi a tomar meu tempo e fazer as coisas devagar. Aprendi a dar profundidade aos personagens rasos, a parar de descrever detalhes desnecessários só pra engrossar o livro, a deixar de usar narrador chato, que tenta impressionar o leitor com mesóclises e palavras difíceis; aprendi que suspensão de descrença é fundamental, que nem sempre o melhor final é o final mais feliz... E por aí vai.

21. O que a sua escrita te ensinou sobre você mesmo?
Que eu sou muito romântico, no sentido de idealizar as coisas, e que eu sou muito compassivo, leniente, compreensivo. Às vezes um personagem precisa fazer uma coisa X e eu tento fazer com que ele faça o que eu Natan faria ou gostaria que fosse feito, e é aí que eu vejo que eu sou bem trouxa.

22. Tem alguma idéia que você queira escrever, mas nunca conseguiu por algum motivo? Explique.
Algo em fluxo de consciência. Não tenho a menor capacidade.

23. Você tem escrito ultimamente? Explique. E se sim, comente sobre a obra e sobre todo o processo.
Não. Acabei Prazer e Remissão recentemente e tô de férias de escrever!

24. Você tem amigos escritores? Se sim, cite quais aspectos você acredita serem mais interessantes neles, e o quão similar ou o quão diferentes eles são de você.
Sim! A Lorena e o Kyran especialmente. Não acho nossos estilos assim tão parecidos... O Kyran tem um jeito de escrever que eu gosto bastante; é dark, verdadeiro, às vezes cruel, e com uma escolha de palavras e imagens (poéticas) muito bem feitas. Os temas que ele escreve são mais densos que os meus, eu acho. Já a Lorena tem uma escrita mais light, e fala bastante sobre adolescência, coming of age, período escolar e essas coisas. Já gostei mais desse tema; hoje em dia não é minha xícara de chá. Mas gosto da leveza da narrativa dela e da pureza dos personagens.

25. O que você gostaria de poder perguntar para seus amigos escritores, ou escritores em geral?
Por que você escreve?

*****

Um comentário :

  1. Menino, tenho que dizer que eu tava morrendo de vontade de ver suas respostas, por isso fiz questão de te marcar. É porque, diferente da Lorena, que eu conheço há uma caralhada de anos e acompanhei muito do processo criativo dela, eu te conheço há relativamente pouco tempo, e a gente nunca se falou muito fora desse cotidiano de redes sociais, então eu queria muito aprender mais sobre esse escritorzão. :D ♥

    Nossa, quando você falou que perdeu a sua primeira estória ali me deu até dor no coração. Eu também perdi as merdas que eu escrevia em cadernos, mas eu associei essa sua com uma que eu considero a primeira oficial, e o apego que eu tenho me fez sentir compaixão.

    Cara, eu pensava que o público feminino era maior só nas estórias mais pro estilo yaoi. Digo, seu estilo é totalmente ocidental, LGBT+ mesmo, então eu fiquei surpreso de ver que tantas mulheres te leem assim, porque eu sempre tive a impressão de que eram mais homens. D: Será que é porque, quando eu vejo estórias com bem mais putaria são mais homens que dão as caras lendo?

    E, omg, você gosta do Fitzgerald. Eu tô tentando ler um livro dele aqui, mas eu tô sofrendo com o tamanho do tédio que me causa.

    E você comentando dos amiguinhos escritores, e eu aqui olhando pra um conto que eu tenho que terminar de corrigir, e pensando qual é o meu limite pra fazer coisa dark e escrota. lol Porque eu sempre sinto que posso ir mais além, mas é confuso, porque acho cada vez menos que minhas coisas são publicáveis. Então fico feliz de ter lido o seu ponto de vista a respeito. ♥ E concordamos com o estilo da Lô. Eu também não to mais nessa vibe das coisas dela, mas continua achando a escrita tão admirável, tão leve, que eu fico pensando: Gente, como ela faz isso? Você, como autor, já tem uma narrativa com um tom meio de crônica, uma coisa bem realista, porque o narrador sempre ta no clima dos acontecimentos e tudo mais. A Lô sempre parece... escrever com mãos de açúcar. XD É o que sempre digo pra ela.

    E! Pra responder a pergunta aos outros autores: Escrevo pra respirar. Porque sou dramático nesse nível.

    Desculpa o comentário grande mas eu só faço comentários grandes. ♥

    Obrigado por responder, bonitão. :D

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